Teletrabalho aumenta produtividade dos trabalhadores
Um estudo vem confirmar que o teletrabalho aumenta a produtividade dos trabalhadores. Mas quando se vai antecipando o pós-pandemia, o ideal deverá ser um modelo de trabalho híbrido. Perceba o que está em causa...
Um inquérito realizado entre setembro e outubro de 2020 a mais de 500 empresas e a mais de cinco mil trabalhadores, em vários países e em diferentes ramos de atividade, onde o teletrabalho é viável, teve uma conclusão que pode surpreender alguns.
Das empresas que participaram na pesquisa, 63% reportaram ganhos de produtividade independentemente da área onde atuam, de acordo com o relatório do estudo intitulado "The future of work: from remote to hybrid" (O futuro do trabalho: do remoto ao híbrido) e que foi feito pelo centro de investigação Capgemini Research Institut.
Numa era de trabalho remoto forçado devido à pandemia de covid-19, todas as empresas reportaram que este modelo aumentou a produtividade, além de ter permitido redução de despesas, em cerca de 24% durante o terceiro trimestre de 2020.
A área das Tecnologias de Informação foi onde as empresas reportaram os ganhos mais elevados (68%), seguindo-se os setores do Atendimento ao Cliente (60%) e das Vendas e Marketing (59%).
Em sentido inverso, as áreas da produção, da investigação, da inovação e do abastecimento foi onde foram reportados menos ganhos, mas, ainda assim, 51% das empresas falam em resultados positivos.
Note-se que estes são setores onde a presença física dos trabalhadores nos locais de trabalho é essencial.
Trabalhadores em risco de burnout
Perante os resultados positivos, 75% das empresas esperam que, pelo menos 30% dos colaboradores, se mantenham em trabalho remoto no pós-pandemia, enquanto 30% esperam que 70% dos funcionários passem a fazer teletrabalho.
As empresas estão a olhar para os benefícios que o novo modelo de trabalho forçado acarretou, nomeadamente devido à redução de despesas com imóveis, com viagens de negócios e gestão de instalações, entre outros itens.
Mas, por outro lado, há trabalhadores que estão a ter dificuldades com esta continuidade do trabalho remoto forçado. Este regime pode motivar, a longo prazo, consequências negativas para a sua saúde mental, com o risco de burnout que pode ser potenciado pelo isolamento social.
Metade dos trabalhadores que responderam ao inquérito citado acima disseram que desistiriam do emprego se o teletrabalho fosse a única opção que lhes restasse.
Assim, no meio desta aparente divergência, o que fazer?
Modelo de trabalho híbrido pode ser a solução
O equilíbrio entre os interesses de trabalhadores e de empresas pode estar num modelo híbrido, em que o trabalho remoto seja combinado com o trabalho presencial.
Seria uma mudança de paradigma marcante na mesma medida em que se fala também de que o trabalho remoto pode criar a semana de trabalho 3-2-2.
O problema do trabalho remoto está no facto de haver trabalhadores que se sentem pressionados a estarem sempre ligados e disponíveis para tarefas, o que pode até acabar por se tornar contraproducente, afetando negativamente a produtividade.
Esta questão da saúde mental dos colaboradores é de vital importância e, cada vez mais, deve ser um aspeto a privilegiar pelos gestores de empresas.
É que é preciso mais do que dar um computador a cada trabalhador e um bónus para que compre uma cadeira mais confortável. Um bom gestor deve focar-se nas necessidades específicas de cada colaborador e estas estão em constante mutação.
Como manter os benefícios do teletrabalho
Assim, para poder tirar o melhor partido possível das vantagens do teletrabalho, as empresas precisam de se preparar. O trabalho remoto foi um remendo para muitas delas, face à obrigatoriedade ditada pela pandemia.
Contudo, as empresas precisam de preparar o longo prazo na certeza de que é impossível voltar ao passado. Depois de deitada a semente do teletrabalho, o que há a fazer é regá-la e fertilizá-la para que cresça e dê frutos.
O caminho passa, portanto, por repensar estruturas e pôr fim a eventuais barreiras de organização nas equipas de trabalho, redefinindo novos modelos de liderança e incentivando a autonomia.
É preciso também implementar infraestruturas digitais fiáveis, colocando os trabalhadores no centro e promovendo uma cultura de confiança.
Em termos de recursos humanos, torna-se necessário atrair pessoas com um novo perfil, vocacionadas para o trabalho remoto.
Será ainda urgente reestruturar os modelos de avaliação de desempenho, pois, em vez de medir as horas de trabalho, será melhor avaliar a produtividade em função dos resultados obtidos.
Em conclusão...
O que importa, acima de tudo, é repensar práticas convencionais e que deixaram de ser eficientes nestes novos tempos que vivemos. Para isso, será preciso soltar a criatividade e encarar o futuro com confiança e otimismo, definindo novas formas de fazer mais e melhor.
Tudo isto na certeza de que os modelos de trabalho que assentam na flexibilidade e no bem-estar dos trabalhadores tendem a ter mais sucesso. Porque afinal, como vinca o estudo citado acima, "no novo normal, as pessoas importam mais do que nunca".