WhatsApp vs Signal vs Telegram: como escolher a melhor?
Há utilizadores a trocarem o WhatsApp pelas apps Signal e Telegram, que também permitem trocar mensagens pelo telemóvel. Venha perceber o que está em causa e como escolher a melhor app...
Nos últimos dias, as apps Signal e Telegram, que permitem a troca de mensagens em telemóveis, sofreram um significativo aumento dos downloads. Um fenómeno que se verificou a nível mundial, e também em Portugal.
A razão que justifica esta procura prende-se com as novas regras de partilha de informações que o WhatsApp devia implementar neste mês. Em causa está a partilha de dados com o Facebook, a empresa que tutela o WhatsApp.
Todavia, a entrada em vigor dessas regras de privacidade foi adiada pelo WhatsApp como resposta à debandada de utilizadores para as concorrentes Signal e Telegram. Estas duas apps de troca de mensagens tornaram-se nas mais populares do momento na Google Play Store.
O WhatsApp tinha alertado os seus utilizadores de que tinham até 8 de fevereiro próximo para aceitarem os novos Termos e Condições de utilização do serviço, caso contrário ficariam impedidos de usar a app. Mas acabou por adiar aquela data para 15 de maio.
Mas, afinal, como escolher?
Isto tem tudo a ver com privacidade e partilha de dados pessoais. Os receios em torno do WhatsApp são antigos, tendo começado em 2014, quando a app foi comprada pelo Facebook.
Os vários escândalos de privacidade e de uso indevido de dados envolvendo o Facebook têm afetado o WhatsApp ao longo destes últimos anos.
Mas as suspeitas agravaram-se depois de, no início deste mês, o WhatsApp ter desafiado os seus utilizadores a aceitarem a nova política da empresa, acedendo a partilhar dados com o Facebook.
A app de conversação alegou que esta partilha visava, apenas, "proporcionar, melhorar, entender, personalizar, apoiar e promover" os seus "serviços e ofertas, incluindo os produtos das empresas do Facebook".
Na prática, está em causa, por exemplo, a possibilidade de comerciantes que usam o WhatsApp para contactar clientes poderem partilhar dados com o Facebook. Deste modo, esta rede social pode usar esses dados para apresentar anúncios publicitários personalizados aos seus utilizadores.
"Estamos a dar às empresas a opção de utilizar serviços seguros de armazenamento de dados que o Facebook tem para gerir as conversas com os seus clientes, responder a perguntas e enviar informação útil como recibos de compra", aponta, por seu turno, o WhatsApp.
We want to address some rumors and be 100% clear we continue to protect your private messages with end-to-end encryption. pic.twitter.com/6qDnzQ98MP
— WhatsApp (@WhatsApp) January 12, 2021
Em comunicado no Twitter a app veio reforçar que "continua a proteger as mensagens privadas com encriptação end-to-end" e que, portanto, está impedida de "ver as mensagens privadas” e de “escutar as chamadas" dos utilizadores, e que "nem o Facebook" o pode fazer.
"O WhatsApp não partilha os seus contactos com o Facebook", nem pode ver a "localização [das pessoas], nem o Facebook o pode fazer", assegura também a app, frisando que "os grupos privados continuam a ser privados".
Comissão Europeia passou a usar o Signal
Contudo, apesar das garantias do WhatsApp, muitas pessoas têm trocado esta app por outras opções semelhantes. O Signal está entre as alternativas mais procuradas.
A própria Comissão Europeia (CE) passou a usar o Signal como plataforma preferencial de comunicação, tendo recomendado aos seus membros para a usarem em vez do WhatsApp.
Esta app open source, ou seja, de código aberto, foi criada em 2013 e já foi recomendada por figuras como Edward Snowden, ex-analista da Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA), e Elon Musk, o empreendedor que é fundador da SpaceX e da Tesla.
O Signal foi desenvolvido por ativistas pela privacidade no âmbito de um projeto que recebeu financiamento do fundador do WhatsApp, Brian Acton. Este elemento deixou o WhatsApp em 2017 devido a divergências com o Facebook.
A qualidade da encriptação, ou seja, da forma como as mensagens são codificadas, bem como a transparência são as principais virtudes apontadas à app.
Principais funcionalidades do Signal
O Signal tem por base o protocolo do WhatsApp, identificado como Open Whisper Systems, e também funciona com encriptação end-to-end, isto é, permitindo que as mensagens sejam vistas apenas por si e pelos seus interlocutores e por mais ninguém.
"Não podemos ler as suas mensagens ou ver as suas chamadas e mais ninguém pode", assegura-se no site do Signal, realçando que as conversas na app são cifradas com chaves de segurança que ficam do lado dos utilizadores.
Mas confirme, já de seguida, quais são as principais vantagens do Signal:
- Pode ser usado em vários disposItivos ao mesmo tempo
- Permite chamadas de áudio e de vídeo em grupo
- Podem-se ocultar os dados de quem envia as mensagens
- Mensagens que se auto-destroem existem há anos (foram lançadas recentemente no WhatsApp)
- Bloquear contactos e grupos para deixar de receber mensagens e evitar que vejam o nosso nome e perfil
- Editar imagens com funções como desfocar o rosto
- Permite o envio de notas para o próprio utilizador (como, por exemplo, para anotar ideias, guardar fotos ou criar lembretes)
Funções do Telegram que faltam ao WhatsApp
O Telegram é outra app que tem crescido muito à custa dos receios associados ao WhatsApp. Esta app de conversação foi desenvolvida pelos irmãos russos Nikolai e Pavel Durov, responsáveis pela rede social russa VKontakte.
Já foi alvo de várias tentativas de bloqueio em diversos países porque costuma recusar qualquer colaboração com as autoridades. O Telegram também tem sido usado por terroristas do Estado Islâmico para manterem conversas secretas, o que pode reforçar a sua qualidade de encriptação.
Certo é que a app de origem russa tem uma série de funcionalidades inexistentes no WhatsApp e que podem ser apetecíveis para quem privilegia muito a sua privacidade. Eis as principais:
- Editar Mensagens
Para corrigir erros, por exemplo, mas surge sempre a indicação de que foram editadas.
- Apagar mensagens, fotos e vídeos em qualquer momento
Estas mensagens ou ficheiros podem até ter vários anos. Mas, ainda assim, podem ser apagados só para nós ou para todas as pessoas do chat sem deixar qualquer rasto, uma vez que é excluída qualquer indicação de que foram apagados.
- Criar canais que funcionam como blogues
Estes canais podem ser subscritos, lidos e partilhados e os subscritores podem comentar, como acontece num qualquer blogue.
- Permite grupos com 200 mil participantes
No WhatsApp, o limite são cerca de 250 pessoas. É, assim, uma funcionalidade muito interessante para grandes marcas ou para circunstâncias em que é preciso chegar a um largo número de pessoas.
- Chats secretos
Esta possibilidade inclui funcionalidades adicionais como mensagens que se autodestroem em segundos, evitar que se façam capturas de ecrã ou avisar quando são feitos e ainda, impedir o reenvio de mensagens.
- Independente de um telemóvel
É necessário um número de telefone para a inscrição. Mas o Telegram pode ser utilizado em qualquer dispositivo sem acesso a um número, o que permite adicionar contactos sem partilhar o telefone.
- Definir grupos por geolocalização
Neste campo, funciona um pouco como o Tinder para encontrar utilizadores e grupos nas proximidades de um user, nomeadamente entidades de voluntariado no bairro ou iniciativas locais. Mas é preciso selecionar a opção de forma manual.
- Permite controlar quem reenvia as nossas mensagens
Indica o autor original da mensagem reenviada com uma ligação para o seu contacto ou conta, mas a funcionalidade pode ser anulada, transformando os reenvios em anónimos quanto ao autor original.
WhatsApp prepara 6 novidades para 2021
Perante a concorrência destas apps, o WhatsApp está a preparar várias novas funcionalidades para implementar já em 2021. São ideias que visam, essencialmente, melhorar a experiência do utilizador.
Ora, confirme algumas dessas possibilidades que estão a ser trabalhadas:
- Fotos e vídeos que se auto-destroem
A par da nova funcionalidade que já foi implementada e que permite apagar mensagens temporárias nas conversas, o WhatsApp prevê alargar a possibilidade a vídeos e fotos partilhados.
Os ficheiros podem ser enviados de forma temporária e ser apagados após o prazo definido. E devem aparecer de forma diferente nas conversas, de modo a perceber-se que são temporários e que acabarão apagados.
- Anúncios internos
Podem vir a aparecer banners no topo da lista de chats que vão anunciar aos utilizadores as novidades que forem aparecendo no WhatsApp. Será uma espécie de mural de informação das app.
- "Modo férias" ou "Ler Depois"
As conversas que forem arquivadas só serão "desarquivadas" quando o utilizador assim decidir, mantendo-se "silenciadas" e apartadas da lista geral de chats mesmo que recebam novas mensagens.
- Acesso à app em vários dispositivos
Deverá ser implementada a possibilidade de manter a sessão iniciada em até quatro dispositivos diferentes ao mesmo tempo.
Atualmente, só se pode usar num dispositivo e na versão para computador, o WhatsApp Web.
- WhatsApp Pay para pagamentos na app
Esta funcionalidade já existe em alguns países, como, por exemplo, no Brasil, mas deverá ser alargada, para permitir fazer pagamentos e transferências entre contactos através da app.
O objetivo é facilitar o processo de vendas, com o recibo de pagamento a aparecer no chat do utilizador.
- Vídeos sem som no WhatsApp
Já se pode transformar um vídeo num Gif sem som. Mas a nova funcionalidade a desenvolver permitirá partilhar um vídeo com a duração que se deseje e sem som, o que reduz o peso dos downloads e o gasto de dados.
Agora que ficou a conhecer melhor as três ferramentas, já descobriu como escolher a melhor na disputa WhatsApp vs Signal vs Telegram? Na verdade, a resposta a essa pergunta não é concreta e única. Tudo depende das necessidades de cada um e da forma como recorre a estas apps e porquê.
Assim, decida com consciência e aproveite também para saber como vender pelo WhatsApp sem cansar os seus clientes.